Qui, 01/04/2021 - 08:59
Este verdadeiro manjar é feito com os melhores ingredientes transmontanos e bem recheado de fumeiro.
Por Bragança, a pastelaria Canelão, fundada há mais de 25 anos, é das mais procuradas nestes dias de festa porque, segundo Luís Correia, o proprietário, há cada vez mais pessoas que preferem comprá-lo porque não têm tempo para o fazer ou porque não sabem. Normalmente, a tradição de fazer o folar é fortemente associada às aldeias, mas até mesmo nelas há cada vez menos gente que a confeccioná-lo. “O ano passado mandei folar para todo o lado. Há cada vez mais pessoas que preferem comprar porque não têm tempo para o fazer ou não sabem”.
Nesta pastelaria, encomendas, por estes dias, não faltam. Ainda assim, os tempos do “não há mãos a medir” já lá vão. Hoje em dia, as máquinas ajudam e muito.
“Agora já não é preciso trabalhar largas horas, nem de noite, como quando comecei. Mudou muita coisa mas a qualidade foi sempre a mesma. Comprei e compro sempre a mesma mercadoria, sobretudo no comércio local”, referiu o pasteleiro.
Sérgio Delgado é um dos filhos de Luís Correia que ali trabalha. As circunstâncias da vida encaminharam-no para o negócio de família e a forma como trabalha o chocolate tem deixado a pastelaria noutro nível. Assim, por estes dias, sem deixar de lado o típico folar, as montras do Canelão, enchem-se de outras sobremesas que servem para assinalar a quadra.
“Por esta altura fazemos várias coisas à base de chocolate, desde ovos e outras figuras características da Páscoa, a bombons e amêndoas. A Páscoa é um dia em que se vende muito bem” e “as pessoas procuram cada vez mais estes pequenos requintes”, contou.
Esta oferta diferenciada tem ajudado a pastelaria a reinventar-se e a vender cada vez mais.
Noutros tempos, por esta altura, eram muitas as portas dos fornos que se abriam, nas aldeias, para fazer o folar.
Aida Pires tem 81 anos e é natural de Alimonde, no concelho de Bragança. Em termos de cumprir a tradição, a idade é só número. Mesmo que as pernas já não ajudem, o folar da Páscoa é feito no forno a lenha que ainda conserva e onde ainda vai cozendo pão.
“Faço folar há mais de 50 anos. É uma tradição bonita e tenho que o ir fazendo enquanto possa”, explicou
Além dos enchidos, da manteiga, azeite, farinha e fermento, gasta dez dúzias de ovos às galinhas que ainda cria. O forno, têm que ser os filhos a carregá-lo de lenha e acender-lho, mas o resto não o entrega a mais ninguém. Além dos bons ingredientes, o segredo está nas mãos, no jeito de amassar.
“Sou eu que amasso e quando faço o folar aproveito sempre para fazer pão e bolas de carne”, salientou Aida Pires.
O folar de carnes, feito ou comprado, normalmente não falta à mesa dos transmontanos.
Nas aldeias onde a tradição ainda vai resistindo, o folar é feito por estes dias, a par de outros doces, nomeadamente os económicos. Escrito por Brigantia.