Dakar 2010: A melhor representação lusa de sempre

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Ter, 19/01/2010 - 00:31


Terminou este fim-de-semana mais uma edição do Dakar 2010, onde Portugal obteve os melhores resultados de sempre. Hélder Rodrigues foi 4º nas motos, seguido por Ruben Faria 11º e Bianchi Prata 30º. Nos carros, destaque para o 6º Lugar de Carlos Sousa, o 12º para Miguel Barbosa e 14º Ricardo Leal dos Santos.

 

Carlos Sousa recebeu o troféu para melhor equipa a gasolina

Ponto final na 32ª edição do maior rali do mundo. Após 15 dias de corrida e 4.806 quilómetros disputados contra o cronómetro, Buenos Aires consagrou hoje, ao início da tarde, os heróis do Argentina-Chile Dakar 2010. Naquele que foi o melhor ano de sempre das cores nacionais, Carlos Sousa superou as melhores expectativas ao conquistar para Portugal um soberbo sexto posto da geral, sendo apenas batido por cinco carros oficiais.

Este domingo subiu ao pódio para receber o troféu correspondente à vitória no Grupo T1.1, aquele que consagra a melhor equipa do Dakar num carro a gasolina.

“Está longe de ser apenas um prémio de consolação. Após dois anos de ausência, chegar aqui e estar novamente ao nível dos melhores é algo importante e que me deixa muito orgulhoso. A questão do restritor e da caixa de velocidades é um facto que não posso ignorar, pois sabia que não podia cometer qualquer erro e tinha de dar o tudo por tudo a cada etapa. A minha motivação era ficar à frente dos outros, porque bater-me com os carros diesel das equipas oficiais era realmente impossível. Mesmo assim, e como alguém lembrou, deixei atrás de mim o vencedor e o terceiro classificado da última edição. Nada mau, pois não?” – questiona Carlos Sousa.

Antigo director desportivo da equipa oficial Mitsubishi, Dominique Serieys fez também questão de enaltecer o resultado do piloto português e também da equipa que passou a dirigir este ano: “Como previ desde o início, o Carlos (Sousa) foi o nosso piloto de ponta e aquele que, pela sua experiência, capacidades técnicas e ritmo, tinha as condições para fazer o melhor resultado para a equipa, isto apesar de guiar o carro mais limitado, o que é ainda mais de enaltecer. De resto, importa sublinhar que a JMB Stradale Off Road foi a única equipa do pelotão a colocar os seus cinco carros à chegada, respectivamente em 6º, 9º, 10º, 12º e 13º da classificação geral, no que tem ter de ser considerado um grande resultado para uma primeira participação”, sublinhou o técnico francês. 

De regresso a Portugal já na próxima terça-feira, pelas 15h30, Carlos Sousa garante que não teve ainda tempo para pensar no seu futuro mais próximo: “Sinceramente, ainda não pensei no que vou fazer este ano em termos desportivos. O meu futuro é ainda como um papel em branco, mas é claro que fiquei muito satisfeito com a minha prova e com a reacção que algumas pessoas tiveram para comigo à chegada. Por exemplo, toda a equipa Volkswagen fez questão de vir dar-me os parabéns pelo trabalho que fiz… E também troquei algumas impressões com o Sven Quandt (patrão da equipa X-Raid) e o próprio Robby Gordon”, revelou o piloto. 

“Mas apesar deste sinal de reconhecimento, nem eu sei se estou disposto a continuar e passar novamente por tudo aquilo que passei no passado. Gostei de fazer esta corrida e de chegar aqui sem pressões. Mas, neste momento, não sei qual será a minha decisão futura. A minha única vontade agora é mesmo regressar a casa, descansar e estar com a família”, concluiu o piloto após deixar o pódio em Buenos Aires.


Miguel Barbosa termina Dakar no 12º lugar
 

A derradeira etapa do Dakar 2010 Argentina Chile decorreu com um sector selectivo de 206 quilómetros que estabeleceu ligação entre San Rafael e Buenos Aires na Argentina. Miguel Barbosa, tricampeão nacional de todo-o-terreno terminou a etapa no 12º posto, o melhor resultado entre a comitiva portuguesa nos carros, e garantiu a sua melhor classificação de sempre na prova com o 12º lugar da geral.

A satisfação de Miguel Barbosa/Miguel Ramalho era notória: “Estamos muito satisfeitos com o resultado final, tendo em conta que esta é apenas a nossa terceira participação na prova, e a primeira em solo sul-americano. Ambicionávamos o top 10, é uma realidade, mas fomos confrontados com tantas adversidades que rapidamente percebemos que seria uma meta muito complicada”, começou por explicar o piloto português.

Miguel Barbosa foi no entanto sempre um piloto bastante regular ao longo de toda a prova, o mesmo viria a acontecer na última etapa: “A regularidade é um factor importante numa prova como esta, mas nem sempre é possível. Hoje, e tal como ontem, não havia razão para correr riscos, até porque o troço era extremamente rápido e o mínimo deslize poderia ser fatal. Andar depressa não nos iria fazer ganhar posições, por isso preferimos ser cautelosos. Chegamos ao final com o sentimento de dever cumprido. Demos sempre o nosso melhor e terminar a prova já foi uma meta alcançada, pois a quantidade de pilotos que foram ficando pelo caminho foi enorme. E o 12º lugar foi o resultado possível dadas as circunstâncias”, continuou.

Aos comandos do Mitsubishi Racing Lancer da JMB Stradale Barbosa conseguiu mais um feito na sua carreira desportiva: “Este resultado, que supera os anteriormente conseguidos nesta prova, só foi possível com o apoio dos meus patrocinadores que viabilizaram todo este projecto. Para eles um obrigado especial por mais uma vez apostarem na minha carreira desportiva. Espero estar para o ano novamente à partida desta prova”, concluiu o piloto português.


Ricardo Leal dos Santos triunfo magnífico entre os privados

Ricardo Leal dos Santos confirmou, na derradeira etapa do Dakar Argentina Chile, o triunfo entre os pilotos que participam de forma privada nesta que é a maior competição mundial de todo o terreno. O triunfo, que o piloto do Pioneer Desert Team Delta Q foi consolidando a partir do início da segunda metade da prova, não deixa margens para dúvidas, já que a vantagem é superior a 4 horas. A capacidade que as máquinas oficiais têm de se renovar, etapa atrás de etapa, permitiu o registo de apenas dois abandonos, o Joan Roma (BMW) e Maurizio Neves (VW), ambos por acidente, pelo que o 14º lugar alcançado à geral, pelo piloto português, é notável.

“Estou de facto muito satisfeito. Nunca tinha feito um Dakar que me tenha corrido tão bem quanto este, mas eu e o Paulo trabalhámos muito para que isto acontecesse. Ao contrário do que possa parecer, não é nada fácil gerir uma corrida destas, de enorme dureza, conseguindo o equilíbrio entre os bons resultados e imperiosa necessidade de poupar a mecânica”, salienta Ricardo Leal dos Santos que acrescenta: “Hoje fui mais uma vez penalizado pelo facto de ser privado. O Nicolas Misslin, da equipa Mitsubishi que ontem ficou atrás de mim, foi colocado a partir à nossa frente e diante dos camiões. Esta era daquelas etapas em velocidade, onde poderia ter terminado no Top 10, mas a ter de passar dois Kamaz, tal tornou-se numa tarefa impossível. Só fiz os derradeiros 40 quilómetros sem ter pó à minha frente e as ultrapassagens aos monstros estiveram longe de ser fáceis”.

A excelente exibição de Ricardo Leal dos Santos e Paulo Fiúza, ao longo das 14 etapas do Dakar Argentina Chile que ontem terminou, não deixou indiferentes os Team Managers das equipas BMW X-Raid e Mitsubishi JMB Stradale, que teceram rasgados elogios à capacidade manifestada pelo piloto de, com um carro claramente inferior aos das suas equipas, ter conseguido, de uma forma constante, posicionar-se entre os primeiros classificados desde o primero dia de corrida. O piloto reconhece a importância desses elogios e estuda já as hipóteses possíveis de dar o esperado salto na sua carreira desportiva.

“Sou um piloto jovem e acredito que posso evoluir ainda mais se tiver condições para o fazer. De uma forma muito profissional, mas extremamente limitada por ser um projecto 100% privado, acho que fizémos o máximo que era possível neste Dakar e superámos em muito os nossos objectivos. Para além disso a nossa regularidade permitiu-nos estar na prova de uma forma descontraída que deu para ajudar outros pilotos, como aconteceu com o Miguel Barbosa e agora mais no final com o Guerlin Chicherit”, salienta Ricardo Leal dos Santos que acrescenta: “Para além disso a nossa corrida não deixou indiferentes os responsáveis de algumas equipas oficiais e eu não lhes escondi que gostava de ter a possibilidade de, num futuro próximo e particularmente no Dakar 2011, poder pilotar uma máquina mais actual e dentro de uma estrutura oficial. Sei que não é fácil, mas penso que a corrida que realizámos pode ajudar muito a dar esse importante salto. ”.