Homem vive sozinho em casa isolada sem luz nem água

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Qui, 03/12/2009 - 09:19


Trocar o conforto de uma habitação no meio de uma povoação por uma casa inacabada, sem água canalizada, nem electricidade, é opção que muitos não tomariam. Mas perto da aldeia de Babe, em Bragança, há quem esteja a viver assim, completamente isolado, há mais de 20 anos, num local só acessível por caminho agrícola sinuoso. A Brigantia foi conhecer a história de Sidónio Tomeno.  

Tem quase 75 anos e vive sozinho numa casa em tijolo construída há duas décadas longe de tudo e de todos, apesar de ter duas habitações na aldeia.

“Estou aqui sossegado, não me meto com ninguém” refere. “Na aldeia tenho lá duas casas mas não estou lá porque tenho família na França” explica, acrescentando que “se estivesse em Babe tinha de estar sozinho como estou aqui e lá não podia ter os animais”.

São três burros, um cão e um gato que lhe fazem companhia.

 

Entretém-se nas lides agrícolas sobretudo a tratar das cerca de 400 oliveiras que tem naquela zona.

A casa onde vive não tem água nem luz. “Às vezes uso velas, outras vezes um gasómetro e a água vou buscá-la aqui perto” conta. As refeições são feitas à lareira. “Tenho sempre lume de Verão e de Inverno”.

 

Sidónio Tomeno só vai à povoação uma vez por mês para receber a reforma e comprar alimentos.

“A cada 20 dias vou a Bragança num táxi e depois trago as coisas no cofre do carro” afirma. “Compro peixe, polvo e bacalhau, frango, arroz, massa, queijo e tudo o que faz fala, mas carne fresca não posso ter muito tempo porque se estraga” dado que não tem frigorifico para poder conservar os alimentos.

 

Os familiares directos, dois sobrinhos, estão ausentes da região.

A pouca sorte nunca quis que casasse, mas no seu coração ainda guarda a Alicinha a quem, há 35 anos, falou em namoro a cantar. “Eu ía-me a casar com ela mas depois morrer” recorda. “O pai encontrou-a tombada atrás de uma porta quando chegou a casa, mas já tínhamos as alianças e tudo” acrescenta. “Depois fiquei aborrecido e não voltei a querer mais nenhuma”.

 

A sua única preocupação é a saúde que com o avançar da idade começa a ficar debilitada. “A idade que tenho não me permite estar aqui muito tempo porque uma pessoa morre num instante” refere, citando um ditado popular “Hoje figura, amanhã sepultura”.

 

E talvez por isso admita que em breve se mude novamente para a aldeia.

Escrito por Brigantia