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Sector da construção a braços com preços altos e falta de materiais perante a procura alta para comprar casa

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Qua, 10/08/2022 - 10:50


O sector da construção civil está a enfrentar dificuldades relacionadas com o aumento dos materiais e falta de matérias-primas, que leva muitas vezes a atrasos nas empreitadas.

Na empresa de construção civil Abel, Luís Nogueiro e Irmãos Lda à subida dos custos com que têm de lidar diariamente, acrescem os prazos de entrega, por falta de material disponível, explica um dos sócios da empresa, Pedro Nogueiro.

“Há determinado tipo de material e de equipamento que precisamos e que não existe no mercado. Posso dar-lhe o exemplo, de umas portas para um equipamento social que precisavam de levar um termolaminado, que é um material muito próprio, que foram encomendadas em Fevereiro e chegaram-me há duas semanas. A dificuldade de aprovisionamento de material de construção tem a ver com um somatório de diferentes variáveis, a falta de matéria-prima, de mão-de-obra, ao aumento dos custos energéticos”, conta.

A conjuntura de falta de materiais, que já se começou a fazer sentir com a pandemia e os sucessivos confinamentos e que se agravou com a guerra na Ucrânia tem muitas vezes “como consequência o atraso nos prazos para conclusão das obras” e por vezes “o dono da obra não entende muito bem”. “Em função da quantidade de trabalho que nós temos, não consigo dar a perspectiva de início de uma obra privada dentro de dois ou três meses. Actualmente é de 7 a 9 meses e pode chegar a um ano”, afirma.

A constante “instabilidade” de subida e descida de custos, que criam “incertezas” no negócio. Em alguns materiais registaram-se aumentos de 100%, como a madeira e o ferro. Mesmo que o preço venha a descer, dificilmente atingirá valores pré-pandémicos, diz Nuno Rodrigues, proprietário da “David&Nuno”, empresa de venda de materiais para construção civil.

“Temos uma série de materiais que subiram desmesuradamente, tais como as pellets, que é um produto energético, as chapas, que são provenientes do ferro, e coberturas de armazéns e casas. E há muita falta de matéria-prima, porque vêm de transportes marítimos e todas a fábricas que precisam de matéria-prima importada têm dificuldade em ter acesso ao produto”, explicou.

As empresas ao comprarem os materiais a um preço mais alto, são obrigadas a subir o preço ao consumidor final para fazer face aos gastos. Nuno Rodrigues estima que o poder de compra diminua e já nota quebras nas vendas.

“As pessoas não recebem o suficiente para poderem aguentar este custo e os juros podem também ser uma ameaça. E com os bolsos dos clientes mais vazios, Nuno Rodrigues já nota quebras nas vendas. “Temos alguma baixa nas vendas em certos e determinados produtos, como a chapa, porque estamos sempre à espera que desça, há consumidores que estão a ver se desce o preço. Há outros clientes que não têm urgência muito grande da obra e aguardam para ver se melhores dias virão”, afirmou.

A guerra na Ucrânia fez disparar o preço dos produtos e os materiais de construção não foram excepção. Escrito por Brigantia.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro/ Ângela Pais