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Perito forense afirma que autópsia a Giovani contradiz a acusação do Ministério Público

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Seg, 29/11/2021 - 17:33


A autópsia feita ao estudante do Instituto Politécnico de Bragança, Luís Giovani Rodrigues, contradiz o que a acusação relata

A afirmação é do perito forense Duarte Nuno Vieira, que foi ouvido esta segunda-feira, no tribunal de Bragança, no âmbito do caso Giovani, o jovem que morreu no final de 2019, dez dias depois de alegadamente ter sido espancado. O antigo presidente do Instituto de Medicina Legal, testemunhou a pedido da defesa de um dos sete arguidos. “A autópsia consiste em pôr um corpo a falar e encontrarmos as circunstâncias que envolveram a morte. Naturalmente que a autópsia nos evidencia enormes contradições entre o relato que fez parte do despacho de acusação, aquilo que as testemunhas terão contado e aquilo que depois o cadáver veio a contar-nos e a evidenciar. Há aqui contradições muito significativas que não nos permitem ter a certeza do que terá acontecido, se aquelas lesões são resultantes de um acto de agressão se são resultantes de um impacto acidental da cabeça, perante relatos da possibilidade desse impacto”.

O perito considera que é mais provável que Giovani tenha caído, uma vez que se tivesse sofrido numa pancada inicial, desferida pelos arguidos, muito dificilmente tinha feito o percurso que é descrito, sobretudo a correr. “Vejo com muita dificuldade que se a lesão tivesse resultado de um primeiro traumatismo intenso que o cidadão tivesse a possibilidade de fazer todo o percurso fez, correndo, com a gravidade das lesões que tinha. Em termos de probabilidades eu apontaria mais para a queda. Aquelas agressões múltiplas, de pé, no chão, a pontapé, com soqueiras, paus e vários instrumentos, a autópsia permite afirmar taxativamente que isso não aconteceu. Que há uma pancada única há. Se foi de agressão ou acidental não posso adivinhar”.

A testemunha refere ainda que se houvesse marcas de defesa seria mais fácil esclarecer o que poderá ter acontecido. “Não tem lesões de defesa, nem activa nem passiva. Quem está a ser agredido não vai ficar impávido e sereno sem se defender. Também não tem sinais de defesa de queda. Continua a ser uma dúvida que vai permanecer, no meu ponto de vista”.

As próximas sessões de julgamento estão marcadas para os dias 10 e 17 do próximo mês, sendo que esta ultima servirá para as alegações finais.

Escrito por Brigantia

FOTO: CNN PORTUGAL

Jornalista: 
Carina Alves