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Pais e população de Podence contestam encerramento do Jardim de Infância da aldeia

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Qua, 18/05/2022 - 10:54


Os pais das crianças que frequentam o Jardim de Infância da aldeia de Podence, em Macedo de Cavaleiros, estão revoltados com a decisão de o encerrar no próximo ano lectivo. Ontem juntaram-se em protesto na aldeia para pedir a continuidade da escola.

Entre as justificações estão a falta de segurança para as crianças, devido ao aumento da afluência de turistas à aldeia, graças ao protagonismo alcançado pelos Caretos de Podence.

Esta terça-feira os pais juntaram-se em frente ao jardim de infância de Podence em jeito de protesto para com esta decisão. Laura Pascoal, porta-voz encarregados de educação, garante que farão o necessário para garantir a continuidade da escola.

“Segundo a sra. vereadora, há falta de segurança, e eu pergunto que falta de segurança tem neste momento a escola e quais são os turistas que estão a invadir a propriedade. Vamos até onde for preciso porque acho que em primeiro lugar estão as crianças e não outros interesses”, afirmou.

A escola tem atualmente 14 alunos, um é de Podence e os restantes das aldeias limítrofes. O encerramento obrigaria à deslocação para a sede de concelho, o que para alguns fica a cerca de uma hora de viagem.

“Das Arcas aqui os meninos demoram meia hora, até Macedo demorariam uma hora. Falamos de crianças dos três aos seis anos de idade”, refere.

Cristiana Cabeça é da aldeia de Comunhas, que dista menos de 8km de Podence, onde a filha de três anos a frequenta o pré-escolar.

A idade e a distância são as principais preocupações.

“Estando praticamente em casa acho desnecessário fazer com que crianças de três anos façam uma viagem mais longa. A questão da falta de segurança parece-me completamente ridícula porque quem passa aqui são pessoas da aldeia, nunca ninguém lhes fez mal e nem houve situações de perigo”, afirma.

Alguns habitantes de Podence também se juntaram ao protesto.

Um deles foi Luís Filipe que acredita que por trás do encerramento da escola estão fins turísticos, nomeadamente o projeto que existe para fazer nascer naquele espaço uma Oficina do Careto.

“Trata-se de um projeto da DESTEQUE para criar uma Oficina do Careto aqui, mas ainda não passa disso. A câmara municipal e a junta de freguesia têm intenção de o implementar aqui na escola. Já lhes foram propostas várias alternativas em casas velhas, palheiros e terrenos abandonados, que podem ser reaproveitados, embelezando também a aldeia, mas o que pretendem é mesmo fechar a escola e usar estas instalações”, refere.

Contactámos o presidente da Junta de Freguesia de Podence e Santa Combinha, João Alves, que diz não ter sido consultado acerca deste encerramento, com o qual não concorda.

“Numa conversa informal com a sr. vereadora, há uns dias, soube que a DGEstE tinha intenção de encerrar o jardim, o que é logico que sou contra, até porque já esteve fechado em 2001 e fui eu mesmo que na altura, sem ser ainda presidente de Podence, consegui que reabrisse. Quando a sr. vereadora me informou disse-me que a decisão já teria sido tomada pelo Conselho de Educação, de forma unânime, sem me questionar se queria ou não. A minha vontade era que o jardim se mantivesse. Quanto à falta de segurança, é lógico que há ali muita gente a circular em determinados períodos, mas não sei se é uma questão assim tão premente”, afirmou.

Entretanto a autarquia de Macedo de Cavaleiros já se manifestou sobre o assunto. Numa nota enviada às redações, a vereadora da educação, Sónia Salomé, refere que o fecho daquele jardim de infância “visa proteger o superior interesse das crianças”, criando melhores condições de “proteção, segurança e sociabilização”, argumentos que estiveram na base da proposta do Conselho Municipal de Educação de Macedo de Cavaleiros para o encerramento do jardim de infância. De acordo com a vereadora, "o crescente número de turistas a visitar a aldeia, assim como a utilização de espaços comuns ao do jardim de infância, levantava sérias reservas à segurança” daquelas crianças.

Refere ainda que “a intervenção feita no início do ano letivo para melhorar a eficiência energética daquele edifício se revelou insuficiente para criar melhores condições ao jardim de infância”.

Na mesma nota, refere também que o encerramento daquele equipamento escolar decorre do reordenamento e reajuste da Rede Escolar de Educação Pré-Escolar e das Escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico promovido pela DGEstE, entidade que comunicou a decisão final à autarquia a 5 de Maio e o encerramento vai acontecer no final deste ano lectivo. Escrito por Onda Livre (CIR).