Há cada vez mais vítimas de violência doméstica a pedirem ajuda e com processos mais graves

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Seg, 08/03/2021 - 08:52


No último ano, o número de vítimas de violência doméstica atendidas no distrito aumentou.

Apesar de os novos casos até terem diminuído, há, no entanto, mais pessoas apoiadas no Núcleo de Apoio à Vítima do distrito de Bragança e os processos são mais graves e mais prolongados.

No que diz respeito aos novos atendimentos desta estrutura, passaram de 107 em 2019 para 78 no ano passado.

Mas segundo a responsável deste núcleo, integrado na ASMAB em Bragança, Teresa Fernandes, o número de vítimas atendidas nos 12 concelhos cresceu de 154 para 274.

“Os processos de apoio iniciados em 2019 tiveram um atraso na prestação de todos os apoios, nas diligências efectuadas nas respostas dadas, porque o efeito da pandemia veio aumentar a lista de espera, veio criar um atraso nas respostas das instituições e, portanto, muitas vítimas transitaram de 2019 para 2020”, explicou.

Segundo dados da PSP, em 2020 foram apresentadas 72 queixas por violência doméstica na área de abrangência do comando de Bragança, ao passo que em 2019 tinham sido 102 as queixas.

Teresa Fernandes considera que o facto de o número de denúncias ser menor não é necessariamente um indicador positivo, mas está antes relacionado com as novas circunstâncias ligadas à pandemia.

Para a psicóloga, o confinamento e alterações sociais, como perda de rendimentos, agravaram esta problemática.

“De repente obrigámos as pessoas a ficarem em casa, a assumir responsabilidades até então eram atribuídas à escola, houve quebra de rendimentos, ou seja, as circunstâncias externas ao casal cumulativamente àquilo que internamente ao casal já vinha acontecer, fez com que as situações se agravassem”, referiu.

A própria pandemia veio trazer um medo acrescido às vítimas, esclarece ainda Teresa Fernandes.

As mulheres continuam a ser as principais vítimas de violência doméstica, sendo mais de 84% dos novos casos no distrito, uma percentagem que aumentou, ao passo que a violência contra idosos, que vinha a crescer nos últimos anos, estabilizou em 2020.

No ano passado, houve pelo menos uma vítima mortal às mãos do companheiro no distrito.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro