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Falta de creches e lista de espera extensas cada vez mais preocupantes no distrito

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Qua, 16/06/2021 - 09:51


A falta de creches é cada vez mais notória no distrito. As listas de espera também são bastante extensas, sendo que há famílias que esperam vários meses por uma vaga

Rui Sousa é o exemplo de entre muitas famílias que já procura creche para filho, muito antes de ele nascer. Ainda assim, não conseguiu que vaga na altura que queria, o que obrigou a uma ginástica familiar. “Perguntaram-me para quando seria e eu disse que ele só ia nascer em Abril. Disseram-me que só a partir de Setembro é que teria vaga. Isto obriga a que os pais façam uma ginástica tremenda. Implicou que tivéssemos que tirar o tempo todo de baixa e até férias para podermos ficar com ele até entrar na escola”.

É em Bragança que a situação é mais grave e um dos exemplos é a Cáritas. Tem 76 crianças, 69 com acordos de cooperação com a Segurança Social. Mas segundo a directora da instituição, Cristina Figueiredo, a lista de espera ultrapassa as cinquenta crianças. “Neste momento, pela realidade que conheço, também de outras instituições, encontrar uma vaga numa creche é como acertar no euromilhões. As famílias estão cerca de um ano, e às vezes mais, à espera de vaga. Temos tido agora, desde Março, uma afluência de inscrições. A situação está a melhorar e querem começar o próximo ano lectivo já com entrada na creche”.

Esta situação tem sido reportada à Segurança Social, que muitas vezes é quem pede às instituições para arranjarem vagas. “Mesmo a própria Segurança Social liga para ver se conseguimos mais uma vaga. Sabem perfeitamente que não temos vagas. Temos espaço para mais uma sala mas não nos dão acordos de cooperação. Estamos a falar de mais uma educadora e mais uma auxiliar de sala. São mais dois vencimentos. Será que a mensalidade de 10 a 13 crianças pagam dois vencimentos? Não pagam”.

Em Mirandela, na Santa Casa da Misericórdia, o cenário repete-se. Tem duas creches, uma com 88 crianças, e outra com 54 e também não há vagas e a lista de espera é superior a 20 famílias, diz o provedor, Adérito Gomes. “Para este ano há vagas. Para o próximo ano lectivo, depois de completar a creche, temos, em termos de pedidos, dois bebés em lista de espera, quatro bebés de um ano e na sala de dois anos não há lista de espera, isto no infantário arco-íris. No infantário Miminho temos um bebé em lista de espera, nove crianças de um ano e oito de dois anos. São 18 crianças”.

Segundo o provedor, apesar de esta ser uma realidade que se arrasta há anos, o facto de não haver garantias de que no próximo ano haverá procura, põe de parte a intenção de aumentar as instalações. “Não vamos aumentar as estruturas até porque não temos garantia nenhuma que o pré-escolar mantenha a procura que tem tido”.

Em Vinhais, apesar de haver menos população, ainda assim a creche da Misericórdia está já com o limite máximo, para o próximo ano lectivo, segundo o provedor, António Rodrigues. “Estamos no fim do ano e estamos já a fazer inscrições para o próximo ano, que está preenchido”.

Em Alfândega da Fé, também na Misericórdia, há cinco crianças que aguardam a entrada para o próximo ano lectivo. De acordo com o provedor, Carlos Pousado, o pedido já foi feito há dois meses e as famílias ainda têm que esperar até Setembro. “Essas cinco crianças já estão enquadradas na listagem do novo ano lectivo. Fomos abordados, há um mês, não está ninguém em espera para o próximo ano lectivo. A inscrição pode ser feita até ao fim deste mês e se surgir mais um pedido não temos vaga”.

A falta de vagas no distrito: um drama social e familiar.

Até agora não foi possível obter quaisquer declarações da Segurança Social, nem do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais