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Bragança tem condições para voltar a produzir cereais mas pede apoios específicos

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Qui, 29/09/2022 - 10:07


Há condições para voltar a produzir cereal na região. Há 30 anos, era no distrito de Bragança que se produzia grande parte do cereal do país. Actualmente será impossível voltar a semear a esses níveis, mas o objectivo é diminuir a dependência de cereal importado. 

Conclusões das “1º Jornadas de Cereais do Norte”, que aconteceram, ontem, no Instituto Politécnico de Bragança. O presidente da Associação Nacional De Produtores de Cereais, José Palha, considera que há mercado para o cereal português.

“Nos últimos 30 anos para cá a redução foi de cerca de 90% da produção e nós viemos cá com o intuito de incentivar os agricultores a voltar a produzir, porque existe procura por parte do consumidor, que está disponível para pagar por esse produto. Não iremos nunca voltar aos níveis de produção que tínhamos há 30 anos, mas a creditamos que em muitos casos em que a opção é não produzir nada ou ter um pastoreio muito extensivo com muito pouco encabeçamento pode ser interessante”, sublinhou.

Existem terrenos na região para produzir cereal, mas sem bons subsídios os agricultores não estão dispostos a dedicarem-se a esta cultura.

“Há 30 anos o trigo estava a 25 cêntimos, há um ano estava abaixo desse preço, o enteio estava também o ano passado abaixo do valor que estava há 30 anos”, diz Luís Afonso, proprietário da Moagem do Loreto, em Bragança, que critica “a não existência de recursos financeiros para mobilizar e motivar os agricultores”, defendendo que “é preciso que a União Europeia, se quer mobilizar os agricultores, nomeadamente de Portugal, pague e que o dinheiro seja compensador, satisfatório ou atraente os agricultores voltam a pegar nessa actividade, o que era óptimo porque foi sempre uma cultura tradicional nesta região e temos condições nesta região, em Bragança e no Planalto Mirandês, para voltar a fazer cereal”.

O agricultor Amadeu Fernandes produzia cereal há 30 anos, mas deixou de o fazer porque não era rentável. Se os apoios do Estado forem bons, admite poder voltar a semear, mas não acredita que a região volte a ser grande produtora de cereal.

“Só se for uma ajuda muito forte e não estou a ver. Segundo ouvi que é 100 euros por hectare, é melhor nem falar nisso, porque hoje para fazer uma correcção de ph a um terreno, para a produção ser viável fica-nos a 400 por hectare, mais as sementes 200 euros, para depois produzir 1500 ou 2000 quilos, tem de haver mais ajuda”, referiu.

A estratégia nacional para a promoção de produção de cereais prevê apoios até 30% superiores aos agora existentes, com o objectivo de diminuir a dependência externa do país de cereais. Actualmente, apenas se produzem 18% dos cereais consumidos em Portugal, e o objectivo é passar, no curto prazo, a produzir 28% das necessidades no mercado interno. Escrito por Brigantia.

Jornalista: 
Ângela Pais