Seg, 07/07/2008 - 09:21
Em Macedo de Cavaleiros, vários responsáveis ligados à florestas tentaram explicar do que se trata as ZIF’s e o porquê de tantos entraves. O cartão de visita no auditório da Associação Comercial e Industrial de Macedo era um cartaz com quatro crianças a jogar à bola numa floresta completamente queimada. O slogan: “Imagina-se a viver num Portugal assim?” deixa que pensar. Para reduzir as cinzas, basta que todo o território nacional esteja constituído em zonas de intervenção florestal.
Uma conclusão a que se chegou há três anos, mas que permanece como utopia. Entre vários aspectos, as ZIF’s estão condicionadas pelo elevado número de minifúncios, ou seja, muitos proprietários e propriedade bem pequenas, em média de 40 hectares. Luís Sarabando, engenheiro florestal, explica ainda outras razões. “A questão mesmo é a dificuldade em reunir tanta área”, afirma Luís Sarabando lamentando também “o processo excessivamente burocrático, que nos arrasta às vezes durante dois anos na parte documental, em que nada é feito no terreno”. A estas há ainda a juntar a desconfiança e desinteresse dos proprietários dos terrenos, embora a tendência seja ao aumento da responsabilização destes, uma zona ordenada e bem tratada como é o caso das ZIF’s reduz em muito o risco de incêndio. “Foram pensadas para isso, a partir do seu conceito de definição que era arranjar manchas com limites naturais, onde possa ser feita algum tipo de uma intervenção que as possa tornar estanques à entrada ou saída de incêndios”, esclarece o engenheiro florestal.
A região norte tem 49 ZIF’s em fase de constituição, apenas uma em funcionamento no Vale do Sousa. Em Macedo de Cavaleiros estão a ser realizados trabalhos para a constituição de duas, mas o processo burocrático e o tempo limitado de dois anos parece estar a emperrar o assunto.
Segundo dados da Direcção geral dos Recursos Florestais, houve, desde 1995, uma diminuição de 18% da área florestal da região norte, mas não diminuiu o número de incêndios e de área ardida.
Dados recolhidos no último seminário integrado na 25ª edição da Feira de São Pedro.