Resultados preliminares do acidente na linha do Tua devem ser conhecidos amanhã

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Seg, 25/08/2008 - 09:46


Os resultados preliminares do acidente na linha do Tua, na passada sexta-feira devem ser apresentados, já amanhã, ao ministro dos Transportes, Mário Lino, se bem que a comissão constituída para o efeito tenha um mês para apresentar o relatório final. Recorde-se que os números definitivos provocados pelo descarrilamento da composição do Metro de Mirandela são um morto, dois feridos graves e vinte e três ligeiros.

  

A automotora partiu da estação de Mirandela, às nove trinta e sete minutos e tinha previsto a chegada ao destino, cerca das onze e meia da manhã. O descarrilamento aconteceu às 10 e 40, entre as estações de Brunheda e Tralhão, provocando morte imediata a uma mulher de 47 anos de idade, natural de Vimioso, mas a residir em Porto de Mós, que ficou presa por baixo da carruagem que tombou para o lado da terra, a três a quatro metros abaixo da linha. A maioria dos passageiros são turistas que aproveitaram as férias para conhecer a paisagem do Vale do Tua. Foi o caso de Adriano Pereira, natural de Oeiras que fazia a viagem com a mulher, e amigos do Alentejo, que ficaram feridos no acidente. “Não sei o que aconteceu, o comboio vinha normalmente, começou a descarrilar e foi caindo aos pouquinhos”, recorda Adriano Pereira afirmando que “a nossa sorte foi não ter tombado para o rio”. “A carruagem vinha bastante cheia”, acrescenta.  

 

Um pescador, que se encontrava próximo do local do acidente, foi dos primeiros chegar ao local e a prestar socorro às vítimas, “Eu estava a pescar vi o comboio descarrilar, tentámos socorrer as pessoas que estavam feridas e vi lá uma pessoa que estava morta”, conta o pescador.

 

O presidente da administração do Metro de Mirandela lamenta mais este acidente na linha, apesar de continuar a pensar que a linha é segura. José Silvano prefere esperar pelo resultado dos inquéritos para tomar uma decisão. “A questão que se põe neste momento é se a linha é segura ou não é segura, ninguém me tira da cabeça que a linha é segura”, garante José Silvano referindo que “a CP e a REFER sempre deram o aval à abertura da linha”. “Que é que tem acontecido na linha para ter havido quatro acidentes no último ano e meio, depois da REFER dizer que há segurança”?, questiona o presidente da administração do Metro de Mirandela. “Quero saber todas as conclusões dos relatórios e depois independentemente do governo, da CP, do governador eu tomarei uma posição pública sobre da Linha do Tua”, assinala José Silvano.

   

Já o presidente da Coagret (Associação de Coordenadores dos Afectados por grandes Barragens e Transvazes) vai mais longe e deixa no ar a ideia que poderá não ter sido um mero acidente. Pedro Couteiro diz ser muita coincidência quatro acidentes, no último ano e meio, numa linha que tem 120 anos de história. “O que se passou aqui é a continuidade de uma série de acontecimento estranhos quer no rio Tua, quer no rio Sabor”, afirma Pedro Couteiro. O que peço às autoridades do país é que demonstrem aos portugueses que este acidente não é obra das máfias hidráulicas”, declara o presidente da Coagret referindo que “a impunidade não pode ficar solteira”. “Nós sabemos que há interesses que se movimentam em torno deste vale”, defende Pedro Couteiro. “Trata-se do início de um desfiladeiro com precipício para ambos os lados e foi exactamente aí quer aconteceu isso, é tanta coincidência junta que não pode ser coincidência”, considera o presidente da Coagret recordando que foi uma linha segura, embora com riscos, durante 120 anos”.  

   

Este é de facto, o quarto acidente a ocorrer no espaço de um ano e meio na linha do Tua. O primeiro acidente aconteceu a 12 de Fevereiro do ano passado e provocou três mortos e dois feridos, depois da carruagem ter caído por uma ravina de 60 metros para o rio Tua. A 10 de Abril deste ano, um deslizamento de terras envolveu uma dresin provocando três feridos ligeiros. A 6 de Junho uma composição do Metro descarrila e causa ferimentos ligeiros ao maquinista e a dois passageiros. Na passada sexta-feira aconteceu o quarto acidente com o descarrilamento de outra automotora. Todos aconteceram entre a estação do Tua e a ponte de Brunheda. A secretária de estado dos transportes esteve no local do acidente e decidiu encerrar a linha até serem conhecidas as conclusões definitivas do inquérito. O Metro faz apenas o percurso entre Mirandela e o Cachão. Entretanto, a CP está a disponibilizar transporte rodoviário alternativo diário, através de dois táxis de nove lugares cada um, que fazem o trajecto entre o Cachão e o Tua.