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Portugueses e espanhóis unidos em manifestação contra exploração de urânio junto à fronteira

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Seg, 21/01/2019 - 09:07


Mais de 200 portugueses e espanhóis juntaram-se, sábado, na Barragem de Saucelle, próximo de Freixo de Espada-à-Cinta para, com um cordão humano, alertar para os problemas que pode trazer a exploração na mina de urânio a céu aberto em Retortillo, na província de Salamanca

Nuno Sequeira, dirigente da Quercus, uma das três entidades que levou a cabo a acção, afirma que nenhum dos dois países têm nada a ganhar com o projecto. “Os organizadores da manifestação, a Quercus, a AZU e a Plataforma Stop Urânio, julgam que foi uma boa jornada. Estão aqui, neste momento reunidos alguns consensos para que possamos dizer que Portugal e Espanha estão unidos na contestação deste projecto. É preciso que o Governo Espanhol, o mais curto espaço de tempo, venha a público dizer que não vai autorizar o avanço destes projectos e que vai cancelar qualquer tipo de autorização que ainda esteja em vigor. Aquilo que são os impactos ambientais, sociais e económicos deste tipo de projectos seriam altamente nefastos e não teriam nada a dar para o futuro da região”.

Nuno Sequeira confirma que este projecto é, neste momento, o mais preocupante pois põe em causa a região transfronteiriça e poderá ter consequências na zona do Douro pois se houver contaminação das águas do rio Yeltes, que desemboca no rio Douro, os materiais radioactivos chegarão à zona de produção do vinho do Porto. “Os promotores já levaram a cabo, no terreno, algumas operações, nomeadamente, em termos de abate de de azinheiras, cerca de duas mil, construção de arruamentos, construção de uma barragem. Existem estaleiros, maquinaria já instalada. O promotor pretende avançar rapidamente e é preciso, também rapidamente, que o Governo português e espanhol escutem as preocupações dos dois países e percebam que todos os sinais vão no sentido de que os cidadãos não querem que estes projectos avancem”, explicou Nuno Sequeira.

Quanto ao Governo de Espanha, defende-se que faça uma avaliação de impacto ambiental transfronteiriça, que nunca foi feita e que mostraria que se deverá desistir do projecto, apontou Nuno Sequeira. Já quanto ao Governo português, o dirigente da Quercus afirma que há uma posição que não é nem tem sido suficiente. “O Governo português tem tido uma posição, no nosso entender, não suficientemente firme. Achamos que era necessário que exerce-se mais pressão junto de Espanha e dar bem conta que não existiu qualquer tipo de avaliação ambiental transfronteiriça e isso era suficiente para os projectos serem imediatamente suspensos”, confirmou o dirigente da Quercus.

A mina de urânio de Retortillo está a cerca de 40 quilómetros da fronteira portuguesa. Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, o projecto desta exploração mineira é “susceptível de ter efeitos ambientais significativos em Portugal”, pela proximidade com a fronteira, e tendo em “atenção a direcção dos ventos” de Este e Nordeste.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves