Por Terras de Cavaleiros as paisagens também contam histórias

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Qua, 29/06/2022 - 10:37


Este mês de Junho, Macedo de Cavaleiros é o concelho em destaque na Rádio Brigantia e Jornal Nordeste.

Um território com três selos da UNESCO, um atribuído ao Geopark Terras de Cavaleiros, outro aos Caretos de Podence e o terceiro referente à Reserva da Biosfera da Meseta Ibérica.

Uma autêntica imagem de marca do concelho é a albufeira do Azibo, cujas praias atraem cada vez mais pessoas, particularmente durante a pandemia, e onde surgem novos negócios, como a empresa Azibo Solar Boat, de António Teixeira que desde há três anos dar a conhecer de outra forma aquela albufeira.

“As pessoas ficam surpreendidas, com a beleza da albufeira. Porque por norma ficam logo nas praias, a principal atracção, e com os nossos passeios conseguem chegar a sítios onde normalmente não chegariam e vamos mesmo a lugares que por terra não há possibilidade de conhecer”, refere o empresário.

Outro dos ex-libris do concelho é o Entrudo Chocalheiro e os Caretos de Podence, que são ao mesmo tempo um autêntico símbolo de toda a região.

A tradição esteve em risco de desaparecer e acabou por ser reconhecida em 2019 pela UNESCO com Património Cultural e Imaterial da Humanidade, que trouxe mais atenção à aldeia e aos caretos admite António Carneiro, presidente da Associação Grupo de Caretos de Podence, entidade que pretende dar sustentabilidade à tradição, mantê-la dentro da sua identidade, assim como procurar apoios para criar infraestruturas para a aldeia, que todos os anos recebe milhares de pessoas. Um dos objectivos é mesmo criar um museu da Máscara. “No último Entrudo, que se fez de forma mais aberta, houve muitos visitantes de várias partes do mundo, desde os EUA, até ao Japão e à China, para o Carnaval que é autêntico e genuíno”, recorda, por isso uma das soluções propostas é receber em Podence o Pavilhão de Portugal na Expo Dubai, para acolher com melhores condições os visitantes, mas também criar “um museu da máscara que englobasse todas as festividades com máscara de Portugal e da própria Europa”, refere.

Mas o primeiro selo da UNESCO para o concelho chegou em Setembro de 2014, com o reconhecimento do Geopark Terras de Cavaleiros.

O património geológico único, permite percorrer milhões de anos na história da Terra.

Ali podemos levar à letra as palavras de Miguel Torga, quando fala de “oceano megalítico” e do “mar de pedras”, ao descrever o Reino Maravilhoso. Já que no maciço de Morais, que conta uma história de um fenómeno geológico que aconteceu há mais ou menos 300 milhões de anos, tem à superfície terrestre rochas oceânicas que deviam estar a dezenas de metros de profundidade, como explica Pedro Peixoto, geólogo do Geopark.

“O oceano foi comprimido e obrigado a subir para uma crosta continental, empurrado até Trás-os-Montes. Por norma o oceano é destruído em zonas de subducção, porque as rochas que constituem o oceano são mais densas. Foi o que aconteceu à maior parte, que desapareceu para o interior da terra, mas uma pequena porção escapou e foi empurrada para cima de outro continente. O resultado é visível no Maciço de Morais, que inclui testemunhos geológicos de dois continentes diferentes e de um oceano”, afirma Pedro Peixoto, geólogo do Geopark.

O fenómeno pouco vulgar aconteceu numa mão cheia de locais no mundo e desde a distinção da UNESCO, há quase 8 anos, tem despertado interesse de geólogos e estudiosos da área, além de turistas.

Tal como em todos os concelhos, em Macedo de Cavaleiros há aldeias que desapareceram. Mas um dos casos mais curiosos e recentes é o de Banreses, perto de Vale da Porca, que foi dizimada por uma epidemia de tifo finais do século XIX.

“Nessa altura (finais do século XIX), havia uma urna única, o chamado esquifo. Quando alguém morria ia nessa urna para a igreja, onde as pessoas eram enterradas, e o caixão servia para o próximo. Supõe-se, isso são histórias, que lavavam esse caixão numa fonte na aldeia e que a partir daí se disseminou o tifo, que começou a dizimar a população, as pessoas começaram a ter medo e a aldeia foi abandonada”, conta Rui Rendeiro Sousa.

Actualmente já não há originários de Banreses, só descendentes.

Macedo de Cavaleiros é o concelho do distrito mais recente, já que foi o último a ser elevado a sede de concelho, mas nem por isso com menos história. Com uma economia em que a actividade agrícola é predominante, conta também com indústrias que valorizam os produtos do sector primário. Escrito por Brigantia.

Jornalista: 
Olga Telo Cordeiro