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Lagareiros transmontanos querem construir empresa de extracção de bagaço para uso próprio

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Seg, 04/11/2019 - 09:04


Os lagareiros da região transmontana não conseguiram chegar a um consenso com as empresas de extracção de bagaço de azeite, acerca do pagamento do bagaço e do seu transporte.

Por isso, os proprietários dos lagares e alguns autarcas reuniram-se para discutir o problema que está afectar o sector.

“O nosso problema pode ser encarado por dois aspectos: a curto prazo e a médio-longo prazo. A curto prazo é podermos ter alternativas de depósito de bagaço, em aterro sanitário, por exemplo. E a solução a médio-longo prazo é o próprio sector resolver verticalizar o negócio e montar uma extractora, da qual os lagares seriam sócios”, esclareceu Jorge Pires, do Pró-Lagar em Mirandela.

O lagareiro Alexandre Pires de Lagoa, Macedo de Cavaleiros, mostrou-se indignado com as medidas que estão a ser impostas pelas empresas de extracção de bagaço e afirmou que pode não abrir o lagar na próxima campanha.

“Da maneira que as coisas estão é impensável trabalhar. Estou a pensar laborar só a minha azeitona e o que os meus vizinhos consomem em casa deles. Em anos normais transformo algumas 700 toneladas, mas este ano poderei fazer 200. Entre não ganhar, prefiro não perder”, acrescentou.

Já Manuel Massa, de Torre de Moncorvo, apesar de todos os constrangimentos, tem a alternativa de transportar o bagaço para a sua fábrica de azeite em Freixo de Espada à Cinta.

“Eu tenho uma fábrica de azeite em Freixo de Espada à Cinta, onde tenho lagoas e vaporização e a minha alternativa será ter que fazer o transporte para lá, porque não dá para estar a abdicar do repasse do caroço mais o custo, isso representaria no mínimo um prejuízo de 42,5 euros, o que a multiplicar por mil toneladas seriam 42 500 euros”, explicou.

Na região existem apenas três extractoras e duas situam-se no concelho de Mirandela. A presidente do município, Júlia Rodrigues, refere que os autarcas estão unidos para apoiar o sector e salienta que é importante que os custos não passem para os agricultores:

“Isto é um problema sério e grave, ainda por cima, porque foi colocado já no início de época e, por isso, os lagares e os produtores, têm que se organizar no sentido de organizar soluções, a médio e longo prazo, mas também no imediato, porque é já nesta campanha que se tem que encontrar soluções”, salientou.

Os lagareiros e os autarcas vão reunir-se ainda esta semana com a direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Ângela Pais