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Geadas afectaram mais de 1000 hectares de olival em Trás-os-Montes

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Ter, 09/09/2008 - 09:04


Cerca de 1200 hectares de olival transmontano foi afectado pelas geadas de Novembro do ano passado. O que equivale a cerca de 200 mil oliveiras mortas que deixam de ter produção efectiva.

São os números estimados pela Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro, que vão reflectir-se numa perda de 75% na campanha deste ano, nas zonas afectadas pelas geadas.  

Para que essa situação não volte a repetir-se a AOTAD volta a sugerir que a colheita seja antecipada para meados de Outubro.

 

As geadas de Novembro afectaram olivais de diversos concelhos. O levantamento efectuado pela AOTAD, junto de aproximadamente oitocentos olivicultores, aponta para a morte de 70 mil oliveiras novas e 127 mil oliveiras antigas. Nos olivais afectados, prevê-se que signifique uma redução de 75% na produção deste ano. António Branco, presidente da direcção da AOTAD refere que “nos locais onde houve problemas com as geadas já contactámos cerca de 800 agricultores e apontamos para valores acima de 1200 hectares de olival afectado”. Já nos locais mais afectados António Branco afirma que “vai haver reduções na ordem dos 75%”. “Nas zonas que não foram tão afectadas 35%, também há zonas que não foram afectadas em que a produção será normal”, acrescenta.

 

António Branco não tem dúvidas que este cenário vai representar uma efectiva perda de capital produtivo regional e receia que possa ter como consequência o abandono da produção de alguns olivicultores sem capacidade financeira para repor o olival destruído. “Temos casos de plantações de cinco, seis anos e neste momento fazer essa plantação novamente implica um grande investimento e mais cinco anos sem produção”, explica o presidente da direcção da AOTAD sublinhando que “provavelmente vai levar a um abandono de muitos agricultores, principalmente os pequenos agricultores que vão abandonar os olivais e não os vão replantar”. “As oliveiras mais antigas, que registamos mais mortalidade com mais de 120 mil oliveiras mortas até ao momento, aí as pessoas abatem-mas e usam-nas em lenha”, revela António Branco salientando que “em muitos casos não as vão repor e é nesse sentido que achamos que é importante que haja uma reposição deste capital produtivo”.

  

Para que este tipo de catástrofes não volte a repetir-se, mas também para que seja possível melhorar a qualidade do azeite produzido na região, a AOTAD está a sugerir que a colheita deste ano seja antecipada para meados do mês de Outubro. “A apanha é feita bastante tarde, provoca uma concentração enorme de mão-de-obra, havendo dificuldade nos lagares e na apanha”, explica António Branco referindo que “o azeite baixa de qualidade à medida que a campanha evolui para o princípio do Inverno”.

 

O presidente da direcção da AOTAD realça que a associação propõe “que a partir do momento em que a azeitona esteja num nível de maturação adequado comece a campanha, o que não acontece hoje”, lamenta. “A campanha está definida para os finais de Novembro e se tornarmos a ter uma situação destas acontece como no ano anterior em que muita da produção foi afectada pelas geadas”, recorda António Branco afirmando ainda que “a nível da qualidade do azeite, não tinha a mesma qualidade do azeite de principio de campanha”. “Genericamente, meados de Outubro era o ideal para começar a campanha na nossa região”, conclui.

  

A AOTAD está ainda a avaliar o impacto desta redução na produção total da região, levando em conta que nas zonas não afectadas pelas geadas de 2007, os indicadores de produção são considerados aceitáveis.