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Especialistas defendem uso de fogo controlado para conservação do solo

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Qui, 17/01/2019 - 08:08


Os fogos quando realizados em períodos frios e invernais, em que o solo tem humidade, faz com que haja rebentação de várias herbáceas. Esta foi uma das ideias defendidas na VI Jornadas técnico-científicas, organizadas pela APTRAN (Associação Portuguesa de Tracção Animal).

O fogo controlado poderá ser uma ferramenta para a limpeza de mato na gestão da vegetação e fertilidade do solo. Esta foi umas das ideias explicadas por Carlos Aguiar, investigador do CIMO – Centro de Investigação de Montanha, na VI edição das jornadas técnico-científicas, organizadas pela APTRAN - Associação Portuguesa de Tracção Animal. O investigador destaca que os fogos realizados nesta altura do ano têm vantagens para os solos.

“A ideia é mais ou menos esta. Temos que aprender a viver com o fogo. Os fogos não são todos iguais. Vamos escolher fogos que sejam vantajosos, do ponto de vista dos serviços eco sistémicos (produção de erva e conservação do solo). E a experiência que nós temos e não é nada de novo, é que os fogos quando realizados, quando o solo tem humidade e nestes períodos frios e invernais, não danificam o solo, como promovem herbáceas, o alimento ideal para vacas”, contou Carlos Aguiar.

O presidente da APTRAN - Associação Portuguesa de Tracção Animal defende modelos mistos para o território de agricultura e pecuária. João Rodrigues argumenta que os animais e a vegetação têm um papel importante no ecossistema.

“Não há dúvida nenhuma que houve mudança no sistema tradicional, por questões de despovoamento e outras. Existem pessoas no território que têm animais e ainda existem pastores e também proprietários de vacas que continuam a fazer uma gestão do território muito interessante. E de facto não é fácil combater esta situação. Mas também é verdade que do nosso ponto de vista temos tentado implementar modelos de não separação da agricultura e da pecuária. Os animais têm um papel e a vegetação têm outro. E é importante utilizar bons exemplos para demonstrar que pode haver potencial no mundo rural para captar capital humano para estas zonas”, sustentou João Rodrigues.

João Rodrigues também refere que ser pastor, não é algo que possa ser considerado como terceiro mundista.

“Ser pastor hoje em dia, não significa ser analfabeto e andar com as cabras no monte. Existe uma série de profissões tradicionais que repensadas e num modelo integrado podem ser muito úteis e podem voltar a trazer dinâmicas para estas aldeias abandonadas. Podem e devem, promover o conhecimento das pessoas que ainda cá estão. Estes devem ser os professores destas novas gerações. A solução passa por atrair estas pessoas e desmitificar de uma vez por todas que ser pastor não é mau. Não é uma coisa terceiro mundista ou de pobre. Se o processo passar por aí, eventualmente teremos pessoas a voltar ao território”, acrescentou João Rodrigues.

Estas foram as sextas jornadas técnico científicas, organizadas pela APTRAN - Associação Portuguesa de Tracção Animal, a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança e AGATRAN – A Molida (Associação Galega de Tracção Animal).

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Maria João Canadas