PUB.

Empresa de administração de condomínios terá lesado 200 famílias mirandeleses em 100 mil euros

PUB.

Ter, 08/01/2019 - 18:08


Calcula-se que cerca de duas centenas de famílias com fracções em dezenas de edifícios de Mirandela, cuja gestão de condomínios foi entregue a um franchising da marca “Loja do Condomínio” instalada na cidade desde 2011, terão sido lesadas em mais de 100 mil euros.

Em causa está a falta de pagamento de vários meses de despesas de utilização e serviços comuns como água, luz, limpeza e manutenção de elevadores, que a maioria das famílias já tinha pago à administradora através das cotas de condomínio na proporção de valor das suas fracções. 

As famílias foram apanhadas de surpresa, quando em meados de Novembro foram confrontadas com o encerramento da loja e começaram a perceber que algo não estava bem.

“Os condóminos receberam uma carta da cada mãe da “Loja do Condomínio” a dizer que estava um processo de rescisão com o franchisado aqui em Mirandela, por incumprimento contratual. Nós então fomos ver o que é que se passava e demos com a loja fechada. Dali fomos bater às portas das entidades e ficamos a saber que estavam quatro meses em atraso na água e luz, na empresa de limpeza quase um ano de atraso nos pagamentos. Fomos ao banco, a conta tinha sido encerrada e o dinheiro que lá estava desapareceu.”

Mais grave ainda, o responsável pela Loja do Condomínio de Mirandela também deixou a zero várias contas relativas ao Fundo comum de reserva, um fundo de maneio depositado no banco para responder a despesas de conservação dos condomínios.

Foi abordado o administrador para ver se era possível fazer uma intervenção com o dinheiro que existia no fundo de maneio. O administrador não se disponibilizou com esse dinheiro e foi ai que nós nos fomos apercebendo que a situação já se estenderia para outros condóminos, com outros condomínios. Fomos ver as contas e verificamos que não tinham plafond nenhum.

Começaram a aparecer situações de processos em tribunal, já com execuções, quer da luz quer dos elevadores. Havia também faltas de pagamento a outra empresa que estava abastecer a luz, e há ainda outra que actualmente está a fazer a manutenção dos elevadores. A água também não foi paga, e está neste momento cortada, assim como a limpeza. Agora é responsabilidade tentar resolver estas situações. Estamos a contactar os fornecedores, no sentido de ajustar aqui uma facilidade de pagamento para resolver as resolver.

 

Para se ter uma noção dos prejuízos causados, pegamos no exemplo do edifício com seis fracções, um dos mais pequenos

“Nós estamos a falar de um prejuízo na ordem dos mil euros, porque é um condomínio pequeno. São apenas seis condóminos. Saldamos as dívidas que tínhamos para não haver preocupações. No entanto, há condomínios com dívidas brutais, todos eles estão em bem piores lençóis do que nós.”

Um caso bem mais grave acontece num edifício com 35 fracções, onde se estima que o prejuízo ronde os 20 mil euros.

“Nós estamos aqui a falar de bastante dinheiro porque esta administração estava a administrar o edifício desde 2011, altura em que havia bastante dinheiro nesse tal fundo de maneio e, neste momento, deveriam estar lá entre 15 a 20 mil euros. O certo é que não temos lá esse dinheiro e agora temos que regularizar as necessidades do prédio, quer da luz que não está paga há vários meses, quer da conta de manutenção dos elevadores, e temos ainda a necessidade de intervenção no edifício, que tem infiltrações.”

Há cerca de dois meses que o proprietário deste franchising e administração de condomínios está em parte incerta, não atende as chamas telefónicas e não dá qualquer explicação sobre o sucedido. Há condomínios que não sabem ao certo os valores que estão em dívida, porque só agora começam a ser notificados para pagar os valores em atraso. As famílias estão revoltadas e estão a ponderar avançar com queixas-crime.

Contactada a empresa mãe da “Loja do Condomínio”, aqui denominada por LDC, esclarece, via correio electrónico, que não teve qualquer conhecimento prévio, em relação ao encerramento indevido da loja de Mirandela, sendo que a situação descrita deriva de um encerramento extemporâneo da LDC de Mirandela, realizado por iniciativa do franchisado, motivo pelo qual a LDC está já a formalizar a instauração de um processo contra o responsável da empresa que geria a referida loja. Dizem já ter estabelecido contacto com os condóminos lesados, mas acrescentam que não é linear se existem ou não valores em falta, já que terá de ser apurada a relação entre valores pagos, pelos condóminos, e os valores pagos a fornecedores. No entanto, desde o momento de encerramento desta loja que a LDC diz ter prestado todo o auxílio e apoio aos condóminos afectados.

Esclarece ainda que se tratava de uma unidade muito pequena “que administrava cerca de 20 condomínios e com pouco mais centena e meia de condóminos, de onde depreende a empresa, que apesar da potencial gravidade das situações expostas elas são forçosamente limitadas tanto em número de pessoas afectadas como em valor”, acrescenta. Quanto à responsabilidade, fazem questão de vincar que é exclusiva da loja de Mirandela e que a LDC atua apenas enquanto prestadora de serviços à loja de Mirandela, estando também aqui lesada pela actuação da empresa em causa. A finalizar nesta resposta por escrito, a LDC sugere como boa prática que os condóminos devem nomear sempre um ou mais condóminos para a movimentação da conta bancária, garantindo assim, todo o controlo dos valores em depósitos. 

Escrito por Rádio Terra Quente (CIR)