Empresa ajuda associação de deficientes de forma original

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Sex, 28/03/2008 - 08:24


Uma empresa de Mirandela, especializada na recolha, triagem e valorização de vários tipos de resíduos, encontrou uma forma original de ajudar a delegação local da Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental. Em vez do tradicional donativo anual, a Mirapapel propôs o pagamento mensal de uma verba resultante da recolha de resíduos efectuada pelos próprios utentes do centro de actividades ocupacionais da associação. Os resultados estão a ser bem positivos. No primeiro mês já recolheram cinco mil quilos e a empresa entregou cerca de 250 euros.

Bruno Carvalho, Bruno Costa e Alexandre Teixeira, são os três utentes da APPACDM que há cerca de um mês, três vezes por semana, fazem a recolha de resíduos junto de alguns comerciantes e no final da feira semanal de Mirandela. É o resultado do protocolo assinado entre a Mirapapel e a associação que para além da ajuda financeira, permite aos jovens deficientes uma integração na vida activa. “É uma maneira mais directa de beneficiar este tipo de pessoas porque também estamos a integrá-las na sociedade” refere José Policarpo, proprietário da empresa. “O dinheiro aqui é acessório” acrescenta.

A ideia foi muito bem acolhida pela presidente da direcção da APPACDM. “Eles sentem-se úteis e felizes até pelo equipamento fornecido pela empresa que lhes dá algum protagonismo e ajuda a sensibilizar a comunidade” refere Narcisa Castro. “Quando eles chegam às empresas já toda a gente sabe que vão fazer a recolha dos resíduos” Para Narcisa Castro esta é uma forma de “mostrar que estas pessoas têm capacidade de trabalho”.

A empresa disponibiliza a viatura para o transporte do lixo que vai para reciclagem. “O dinheiro que recebemos da venda do papel é encaminhado para eles, em função do peso que trazem” afirma José Policarpo, salientando que “não é com o trabalho deles que a empresa quer ganhar dinheiro, é para lhes dar uma oportunidade de inserção”.

No primeiro mês de recolha, os três utentes da APPACDM já juntaram 5 mil quilos de resíduos que se traduziram em 250 euros entregues à instituição (cinco cêntimos por cada quilo entregue), metade da verba anual que, em média, aquela empresa costuma entregar a várias instituições. Caso se mantenha esta média, a associação pode vir a receber cerca de 3 mil euros no primeiro ano do projecto.

“Estamos a começar com o papel mas não quer dizer que no futuro façamos a recolha de óleos e de outros resíduos” adianta a directora da APPACDM. O previsível aumento do número de comerciantes a aderir à iniciativa, pode vir a aumentar consideravelmente o montante atribuído àquela instituição. Narcisa Castro não descarta a possibilidade de integrar mais três utentes no projecto, recebendo formação para fazer a recolha.