Crianças com necessidades especiais têm falta de apoio em áreas específicas

Esta iniciativa resulta de uma tese de doutoramento que identificou a formação como uma carência das famílias com crianças que apresentam necessidades educativas especiais. O projecto conta com o apoio da sub-região de saúde de Bragança e está a percorrer todo o distrito.

A docente responsável considera que no distrito de Bragança há uma grande carência de instituições que prestem apoio em áreas específicas e que recebam as crianças durante as férias dos pais. “ Nós já temos no centro de saúde equipas que podem trabalhar neste momento com as famílias, temos terapeutas, fisioterapeutas, terapeutas da fala, psicólogos”, salienta Celmira Macedo acrescentando que “na área especifica da deficiência, a nível de apoio reabilitadores, por exemplo, a balneoterapia que se faz no Porto, aquelas terapias específicas continuamos a não ter, tal como continuamos a não ter instituições que possam servir as famílias”. “Uma família não pode ir de ferias porque provavelmente não tem quem fique com a criança um dia ou dois ou três”, explica a docente responsável.  

Celmira Macedo entende que cabe aos próprios pais a responsabilidade de fazer força para que essas instituições sejam constituídas. “ À partida um pouco por todo mundo as associações de pais conseguiram sempre efeitos muito grandes em relação a estas pessoas”, recorda Celmira Macedo referindo que “por isso estas formações vão abrindo os horizontes aos pais, porque são os pais que têm que fazer pressão, porque tudo o que há em relação às pessoas com deficiência foram os pais e as associações de pais que conseguiram”. “A responsabilidade também parte da família que tem que procurar aquilo que não tem para o seu filho”, afirma a responsável.  

Alguns dos pais presentes nesta formação falaram sobre as principais dificuldades com que se deparam para lidar com os filhos que necessidades de educação especiais. “Acho que realmente fazem falta formações deste género para orientar o dia-a-dia e saber como lidar com eles, há pessoas que acham que as pessoas com deficiência são umas coitadinhas e não é bem assim, temos que as ajudar e orientar”, diz uma mãe presente na formação. “Amanhã podem começar mais complicações e uma pessoa está sempre preocupada com o dia de amanhã”, diz outra encarregada de educação.

No distrito de Bragança existem cerca de 500 crianças com necessidades educativas especiais.