Agressores de Luís Giovani Rodrigues agiram por motivos fúteis

PUB.

Seg, 20/01/2020 - 10:58


Os cinco homens detidos, na madruga de sexta-feira, por, alegadamente, estarem envolvidos no espancamento de Luís Giovani Rodrigues, ficam a aguardar julgamento em prisão preventiva

Os suspeitos, todos do concelho de Bragança e sem antecedentes criminais, têm idades entre os 22 e os 35 anos e foram presentes a primeiro interrogatório judicial, na sexta, no tribunal de Bragança, tendo estado a ser ouvidos cerca de sete horas. O tribunal entendeu que, por cada um dos arguidos, há fortes indícios da prática de quatro crimes de homicídio qualificado, um deles na forma consumada e três na forma tentada. Jacinta Garcia, funcionária judicial, fez o balanço da audição e fez saber que está excluído o ódio racial como motivo da agressão. “Esclarece-se não ter sido apurado, pelo tribunal, qualquer indício no sentido de os factos praticados pelos arguidos terem sido determinados por ódio racial ou gerados pela cor, origem étnica ou nacional das vítimas. A especial censurabilidade que, nesta fase indiciária, justifica a qualificação dos crimes, assenta na circunstância de os arguidos terem sido determinados nas suas acções por motivo fútil e ainda por actuarem em grupo”.

Ao longo da tarde e noite de sexta-feira, várias pessoas estiveram em frente ao tribunal para perceber o que poderia determinar-se. A comunidade cabo-verdiana de Bragança também se fez representar e pede que sejam encontrados os restantes culpados. “Bragança é uma cidade calma, apesar desse acontecimento e nós não queremos isso, queremos paz. Viemos com tranquilidade, para depois voltar para o nosso país. Não viemos para ser assassinados e depois não voltar”, disse Ana Amarante, aluna cabo-verdiana do Instituto Politécnico de Bragança. “É um alívio mas não são metade das pessoas que fizeram isso e têm que apanhar todos os que estiveram envolvidos. Queremos justiça”, referiu a também cabo-verdiana, do IPB, Elaine Gonçalves. Leonarda Brito, na cidade há perto de três anos, vinda de Cabo Verde, diz que achava a cidade “calma” mas agora tem “medo” de andar na rua sozinha. “Estou um bocado mais tranquila mas queremos justiça feita e que se encontrem os restantes culpados”, finalizou.

O presidente da câmara de Bragança, Hernâni Dias, pronunciou-se sobre o caso e disse que a questão da cor ou origem étnica das vítimas, como pretexto para o espancamento, não fazia sentido já que a comunidade brigantina é exemplar no que toca ao acolhimento de cidadãos estrangeiros. “É importante percebermos e reconhecermos o trabalho das autoridades competentes, nomeadamente numa matéria destas, que era sensível e criou alarmismo na nossa comunidade e a nível nacional. Tive oportunidade de falar com o senhor director nacional da PJ e foi-me transmitido que não terá sido um crime racial e essa questão não fazia qualquer sentido porque o município e a comunidade brigantina têm sido um exemplo de integração da comunidade estudantil estrangeira”.

Em conferência de imprensa, ao fim da manhã de sexta-feira, o director nacional da Polícia Judiciária, também esclareceu que “não se trata de um crime entre raças”, sendo que na base do sucedido está um desavença que começou num bar de Bragança. Luís Neves explicou ainda que “a investigação é dinâmica”, o que indica que continuará e que pode levar à detenção de mais suspeitos.

Escrito por Brigantia

Jornalista: 
Carina Alves